Incerteza parece coisa de pouca monta, mas é  assunto de importância fundamental no caminho de cada um. 
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As criaturas entram na instabilidade moral, habituam-se a ela, e passam  ao domínio das forças negativas sem perceber. 
Dizem-se confiantes pela manhã e acabam indecisas à noite. 
Freqüentemente rogam em prece: 
- Senhor! Eis-me diante de tua vontade!... 
Mostra-me o que devo fazer!... 
E quando o Senhor lhes revela, através das circunstâncias, o quadro de  serviço a expressar-se, conforme as necessidades a que se ajustam, exclamam  em desconsolo: 
- Quem sou eu para realizar semelhante tarefa? 
Não tenho forças. 
Ai de mim que sou inútil!... 
Sabem que é preciso servir para se renovarem, mas paradoxalmente esperam  renovar-se sem servir. 
Dispõem de verbo fácil e muitas vezes se proclamam inabilitadas para  falar auxiliando a alguém nas construções do Espírito. 
Possuem dedos ágeis, quais filtros inteligentes engastados nas mãos;  entretanto, costumam asseverar-se inseguras na execução das boas obras. 
Ouvem preleções edificantes ou mergulham-se na assimilação de livros  nobres, prometendo heroísmo para o dia seguinte, mas, passada a emoção,  volvem à estaca zero, à maneira de viajante que desiste de avançar nos  primeiros passos de qualquer jornada. 
Louvam na rua o equilíbrio e a serenidade e, às vezes, dentro de casa,  disputam campeonatos de irritação. 
O dever jaz à frente, a oportunidade de elevação surge brilhando, os  recursos enfileiram-se para o êxito e realizações chamam urgentes, mas  preferem a fuga da obrigação sob o pretexto de que é preciso cautela para  evitar o mal, quando o bem francamente lhes bate à porta. 
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Trabalho, ação, aprendizado, melhoria!... 
Não te ponhas à espera deles sob a imaginária incapacidade de  procurá-los, à vista de imperfeições e defeitos que te marcaram ontem. 
Realização pede apoio da fé. 
Mãos à obra. 
Tudo o que serve para corrigir, elevar, educar e construir, nasce  primeiramente no esforço da vontade unida à decisão. 
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Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Rumo  Certo.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
5a edição. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1991.